Negócios Colaborativos - Você Está Preparado?


 
No mundo novo, plano e colaborativo que se avizinha, não existirá mais lugar para a concorrência?
 
 

 

“Uma pá de cal sobre as teorias estratégicas

que apontam para a competição como foco estratégico

e lucros como único objetivo relevante.”

 

 por Flavio Ferrari (*)
 

O recente pedido de falência do Monitor Group, empresa de consultoria do guru da competitividade, Michael Porter, deixa claro que os modelos estratégicos tradicionais já não dão conta do novo mundo. O modelo das 5 forças de Porter é baseado nas ameaças competitivas:

-          rivalidade dos concorrentes

-          poder de barganha dos clientes

-          poder de barganha dos fornecedores

-          produtos substitutos

-          novos competidores

Porter recomenda que a estratégia das empresas seja construída a partir da avaliação dessas forças, com base numa análise SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças). Não podemos ignorar a importância da avaliação do cenário competitivo. 

Mas o que Porter e muitos outros consultores tradicionais propõe é a incansável busca da lucratividade através de uma estratégia baseada na antecipação de ameaças e na construção de uma posição de força. A história demonstra que grandes impérios foram construídos dessa forma.E essa mesma história comprova que todo grande império é cercado de inimigos que tramam sua destruição.  Conquistadores são temidos, mas também temem: é o circuito do medo.

Nosso mundo vem evoluindo para um novo patamar de consciência.  Essa é uma afirmação vaga e de difícil comprovação, mas que tem o valor de instigar o livre pensar. Alguns indicadores dessa transformação são concretos e sensíveis, particularmente para os temas relacionados com direitos humanos, preservação do planeta e cidadania. 

Outros são mais abstratos e revelados através de atitudes coletivas como o crescente repúdio a autoridades externas (principalmente as institucionais), o desejo de protagonizar e a ênfase no desenvolvimento pessoal. Presenciamos a valorização do indivíduo e o reconhecimento da interdependência como caminho para uma vida melhor.
As implicações dessa nova consciência para os negócios não são poucas e nem triviais.

Uma das mais importantes, e que “explica” a falência do modelo de Porter, é a relevância da “inclusão”.  Não aceitamos ser excluídos com a mesma resignação de antes. Essa atitude algo “rebelde” oferece a interessante oportunidade de revisão do caminho estratégico indicado por Porter, onde “competir” dá lugar a “colaborar”. As forças ameaçadoras, se “incluídas”, podem adquirir o status de forças construtoras do negócio.

Pedi a um psicanalista, certa feita, que definisse o amor.  Sua resposta foi “amor é o legítimo interesse pela felicidade do outro”. Falar de “amor” no contexto de negócios pode parecer tão estranho como falar de “medo”.  Então vamos parafrasear a definição do psicanalista e ater-nos ao conceito: “o legítimo interesse pela satisfação do outro”.

Esse é o conceito fundamental para os negócios no contexto da nova consciência social, capaz de construir novos “impérios” que serão sustentáveis porque serão “inclusivos”, ou seja, terão como missão a satisfação (negociada) das partes interessadas. Colaboração requer confiança e implica em compartilhamento de decisões e disposição para negociar.
 
Quem não estiver preparado para isso irá continuar consumindo seus recursos para construir muralhas e tentar impedir que os inimigos as derrubem.


(*)Flávio Ferrari é formado em Marketing pela FGV. Foi CEO do IBope (Instituto Brasileiro de Pesquisa e Opinião), e atualmente, dedica-se a consultoria para negócios estratégicos, escreve para vários blogs, pratica massagem tântrica e acredita numa sociedade essencialmente inovadora e colaborativa.
 

 

 

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