E aí, quem vai pegar o touro pelos chifres?






Texto: Marisa Rodrigues (*)



Vocês, urbanos, pensem duas vezes, nestas eleições, antes de votar em quem é contra o agronegócio, pois:

1) vcs vão ter que criar galinhas e porcos em seus apartamentos, se quiserem comer carne; só desses dois tipos de animais, de boi, nem pensar, né?
2)Vão ter que aprender a pescar, também, pois carne de peixe, tambem não vão ter, ou vcs não sabem que a psicultura também é um segmento do agro?
3)ah, e  vão ter que fazer hortas nas varandas e áreas de serviços de seus apartamentos (horta mesmo, não estou falando de mudinhas de temperinhos, não, que essas, temos que ter, óbvious.
4)Já arroz, quem sabe consigam produzir com hidroponia, dentro de baldes e banheiras, né? Tudo é possível. Tentem, não custa.
5)Agora, feijão, sorry, baudelaires, mas não vai dar, não.
6) Café, então, forget it. Impossíble.

7)E leite para os seus filhos? E manteiga, queijo, iogurte, requeijão e todas essas delícias que não vivemos sem, desde os nossos tataravós, prá ficarmos só em quatro gerações? É, se tivéssemos quintal, daria prá botar uma vaquinha num curral  lá, mas e o touro? Ia ficar difícil, né?
8)Será que algum vizinho toparia em ter um touro, nessas condições, prá inseminar as nossas vaquinhas, de vez em quando?

9)Mas e aí, como iriamos cuidar dos bezerrinhos, mesmo que nasça só um por ano? e em que condições? Em que espaço, já que não os temos  em nossas casas ou apartamentos de cidades grandes, nem para os nossos filhos? Nem para uma muda de árvore frutífera? (PS.: Conheço uma senhora, no interior paulista, que chegou ao absurdo de mandar concretar o quintal, e agora, todos os dias, passa um aspirador nele, prá recolher as folhas que caem ali, vindas das árvores vizinhas.)

10)Bem, suponho que vocês, urbanos que votam em candidatos que são contra o agronegócio (mesmo que estejam dizendo, que, agora, prá ganhar eleições, são a favor, como a D. Marina Silva começou a dizer que é), tenham arrumado uma solução bem criativa prá todos essas noves questões elencadas acima. Mas, agora, na décima, é que a porca torce o rabo.

Ou melhor: quero ver vcs pegarem o touro pelos chifres. Chegou a hora de matar o bezerrinho, que vcs conseguiram -- não sei como -- cuidar, alimentar, vacinar, castrar, casquear, etc..etc..etc..durante cinco anos, que é o tempo que o animal leva, fora das condições tecnológicas atuais, nas fazendas próprias prá produção de carne, prá ficar pronto pro abate. E aí: vão ter coragem de matá-lo?
Mas depois de tanto tempo de convivência íntima com o animal, não seria um crime? E supondo que convençam suas consciências, de que devem fazê-lo, como irão conseguí-lo, já com uma alimentação tão rareada em proteinas animais? Cinco anos sem comer carne, ou tendo que diminuir o consumo, drasticamente, como irão ter forças prá realizar a proeza de matar um boi? E onde farão isso? No seu próprio quintal? Quer dizer, deixa eu ver se eu entendi, depois de transformar o quintal num curral, agora irão transformá-lo num matadouro? Hummmmmmmm....e isso é progresso e desenvolvimento sustentável prá vcs? Sabiam que meus avós e bisavós faziam isso há 40, 60 anos atrás?

Essa sociedade urbana e orgânica, nesses moldes que vcs defendem, eu chamo de retrocesso, pois temos tecnologia pra fazermos isso tudo, com responsabilidade, sustentabilidade e até bem estar animal, nas novas fazendas agropecuárias, -- cuidando para que os animais sejam bem tratados, alimentados, vacinados, e com carinho, desde a hora em que nascem, até o momento em que são abatidos. Isso,sim,  é um modelo orgânico e sustentável para o agronegócio, a nossa vida nas grandes e pequenas cidades -- que aliás, tem os indices de desenvolvimento urbanos (IDH) melhores, por causa justamente da qualidade de vida, proporcionada pelo agronegócio -- e para todas as demais cadeias produtivas da economia que um país precisa prá crescer, progredir e se desenvolver. Sorry, baudelaires, mas não existe outro modelo melhor, por enquanto.

(*)Marisa Rodrigues é sócia-diretora da Taxi Blue Comunicação Estratégica, responsável na agência por Novos Negócios e Projetos Especiais. É jornalista, poeta, assessora de comunicação e marketing, de imprensa,  ghost-writer, fundadora e presidente da Abrador (Associação Brasileira de Pacientes e Familiares de Dores Crônicas), autora de livros, projetos e programas de tevê, projetos especiais para web, entre outros. Também divide o seu tempo, atualmente, como editora-senior e publisher do portal Boi a Pasto, cujo projeto é de sua autoria. 

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