O presente é o único tempo de mudança




As últimas semanas do ano costumam ser cansativas para todo mundo. Talvez nosso cérebro, nascido sob a influência do calendário gregoriano, tenha se acostumado a achar que depois de 12 meses está na hora de zerar o joguinho, dar boot e restartar, após um exagero de festas, comidas, bebidas e rituais que também herdamos dos nossos antepassados. Aliás, todas estas medidas foram definidas por alguém: dia, semana, dia útil e por aí vai. Os nomes dos meses sao homenagens a deuses etruscos e romanos, só para confirmar como tudo isto vem de longa data. Por isto, nao levo muito a sério quando dizem que este ano é pior que os outros, está demorando demais para acabar, apesar das mensagens nao pararem de surgir no feed das redes sociais.
Para quem trabalha com marcas e comunicaçao, o fim do ano costuma ser a época em que muitos clientes descobrem que sobrou uma verba e precisam faturar correndo, o que faz com que a gente entre o ano envolvido em projetos já pagos. Ou, ao contrário, querem fazer uma porçao de coisas, mas a verba acabou e pedem pra deixar novas propostas para o ano seguinte, o que faz com que a gente passe um tempo trabalhando meio que “de graça”. Como estas situaçoes se repetem, fica claro para mim que fazer orçamento nao é uma ciência exata, ainda mais nos tempos complexos, velozes e dinâmicos que estamos vivendo. Por isto, esta vida de estar sempre correndo atrás de metas mensais, trimestrais, anuais, que sempre precisam ser maiores do que os anos anteriores vai nos enlouquecer.
Entao, já que o Ano Novo é a época oficial das metas, me lembrei de um livro de 2004 que gostei muito e se chama Presença. Depois de conversar com uns 150 cientistas e executivos, os autores propoem o desenvolvimento de 7 capacidades para aprendermos a nos conectar com a nossa essência, com os outros e com o todo para sentir e modelar o futuro, sem precisar de metas e outras cenourinhas que colocam na nossa vida. Parece que hoje vivemos muitas vidas em uma, nessa apologia do multitarefas que faz com que nossa atençao, nosso cuidado e nossa intençao estejam sempre fora da gente, correndo entre desafios, objetivos e tarefas. Para 2014, proponho: mais presença e menos metas. Porque, afinal, o presente é o único tempo da mudança.
Texto de Tania Savaget, para o Blue Bus

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