Argentinos: a gente adora esses nossos hermanos

Torcedores de diferentes países, num entrelaçamento de culturas nunca visto no Brasil, antes dessa Copa 2014. 

É de uma bobagem inominável essa birra contra os argentinos, e me entristece ver pessoas cultas, se apegando a comentários raivosos contra a torcida portenha, estimulando mais ainda a ira dos brasileiros pelos nossos hermanos, só porquê eles estão na final da Copa, e nós caimos fora, depois da lavada de 7 x 1 da Alemanha, no jogo contra a Seleção Brasileira.


Não dá prá resistir à beleza das argentinas,
ainda mais sexies com o deliciso sotaque portenho.

Eu adooooooooro carne da Argentina, Alfajores e Buenos Aires é a Paris do continente latino-americano, com aquele friozinho elegante, gente super-arrumada caminhandos nas suas ruas, homens de terno e gravata, e cabelos mais compridos, na altura do pescoço, super-sexies. As mulheres, idem, de salto, cabelos sempre arrumados e maquiadas. Até mais chiques do que as francesas. Quando fui prá lá  a primeira vez,  em 1995, me senti uma caipirona que tinha parado nos anos 30,  com minhas roupas, cabelos e maquiagem totalmente inadequados, diante daquelas mulheres e homens  charmosérrimos que pareciam modelos, desfilando pelas ruas da capital portenha.

 E aí veio outra parte mais deliciosa: as churrascarias, com seus inacreditáveis beefs de chorizos e papas fritas. Carnes que nunca havia experimentado no Brasil, que à época, (agora melhorou um pouquinho), nem sabia o que era esse produto, com qualidade máxima. Só bater pernas por aquelas ruas largas, no centro de Buenos Aires, já é maravilhoso: os olhos e o coração se sobressaltam com a arquitetura parisiense dos  prédios e monumentos, as ruas limpíssimas, parecem até enfeitadas com os táxis da década de 50.

Familia inteira de argentinos, enfeitados prá curtirem o clima de Copa no Brasil. 
E entrar e sair dos cafés, todos com livrarias, então? Existe um em cada esquina, sempre animados com pessoas, lendo, conversando, trocando idéias e experiências. Nesses lugares, percebi que os argentinos se destacam dos latino-americanos, pelo alto nivel cultural,  pois são apaixonados por literatura. Não é por outra razão que geraram, neste campo,  um monstro sagrado como Jorge Luis Borges. A música argentina é outro dos aspectos culturais daquele Pais, que muito me encanta. Não dá prá ouvir um tango e não se emocionar, não querer dançar, pois é uma musica muito dramática e marcante, sensual e que inspira romances, ciúmes e todas as tragédias e delícias do amor, tendo em Carlos Gardel (que, curiosamente, talvez seja uruguio), sua expressão máxima, como compositor e intérprete do gênero.

 É claro que os argentinos são doentes por futebol, mas um povo não pode ser taxado de bruto ou ignorante por suas paixões. Um povo é o conteúdo de uma nação, que é algo muito mais complexo, pois é um amálgama de DNA´s de histórias -- pessoais e coletivas -- tragédias, superações, comédias, um caldo grosso e substancioso de culturas sobrepostas, de várias gerações, desde as suas origens. E as suas paixões devem ser louvadas, pois são os símbolos de sua identidade, as marcas que os distinguem de outros povos, e de outras nações.

 Entendo que os ânimos entre as duas torcidas -- brasileira e argentina -- estão acirrados, mas devemos ter lucidez, maturidade e um pouco de bom humor, prá entendermos e separarmos as coisas. Não convém mergulhar de cabeça nesse caldeirão fervente de paixões, de ambos os lados, e esquecermos do melhor (talvez único) legado que essa Copa realizada no Brasil nos deixará que foi a calorosa e alegre convivência entre povos e culturas diferentes, de quase todas as partes do mundo, durante trinta dias, onde o que imperou foi alegria, a amizade e a beleza das torcidas de ambos os países, num congraçamento de culturas que raramente acontecem entre as nações, em tamanha proporção. Essa é a imagem que quero guardar dessa "Copa das Copas": a da alegria estampada em todos os diferentes rostos que superlotaram os nossos estádios, fossem eles argentinos, portugueses, alemães, holandeses ou brasileiros, entre tantos outros povos que conviveram conosco nesses dias tão intensos, e de tantas emoções.


Marisa Rodrigues

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